sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A Névoa

Era uma vez um padrinho que tinha um afilhado, todos os dias iam passear ao jardim e viam três pombinhas brancas que vinham tomar banho no tanque.
Uma tarde, estavam o padrinho e o afilhado junto ao tanque, quando as três pombas chegaram, tiraram as carapucinhas e transformaram-se em três princesas.
Os olhos do afilhado brilharam, então o seu padrinho disse-lhe:
- Se conseguires apanhar uma carapucinha, ficarás com uma das três princesas que estão no banho.
O afilhado escondeu-se num abrigo e tirou uma das gorrinhas brancas.
Quando saíram do banho, puseram a gorrinha, tomaram asas e voaram. A princesa Névoa queria também a sua gorrinha para poder voar com as irmãs, mas o afilhado em vez disso ofereceu-lhe um lindo vestido e levou a menina com ele.
Um dia, a princesa apanhou uma gorra e fugiu em direcção às irmãs que a esperavam.
O afilhado ficou triste, nada o consolava, o padrinho vendo tanta mágoa resolveu oferecer-lhe um traçado e deixou partir em busca da sua princesa encantada.
Encontrou um homem com uma junta de bois e convidou-o a sair com ele.
Mais à frente encontrou um homem que arrasava serras e cabeços e também este foi convidado a procurar a princesinha.
Durante a viagem viram ainda um homem que arrancava pinheiros.
Partiram os quatro, caminhavam durante vários dias até encontrarem um palácio deserto. Aí, cheios de fome, resolveram parar e cozinhar. Mataram um boi, partiram alguma carne e o homem da junta de bois ficou a cozinhar, os outros foram passear em redor do palácio.
Quando chegou a certa altura, o jantar começou a cheirar, abriu-se um alçapão e saiu de lá um gigante.
- Dá-me carne senão mato-te.
O gigante comeu a carne toda e voltou para o alçapão fazendo o homem prometer silêncio.
Quando os outros três regressaram, os esfomeados, não viram comida, indignados perguntaram o que acontecera.
- Não sei, não me lembro de nada, adormeci e quando acordei já não havia carne.
Nos dois dias seguintes, a cena repetiu-se com o homem que arrasava serras e cabeços e com o homem que arrancava pinheiros.
Ao terceiro dia o afilhado disse:
- Podem ir que quem cozinha hoje sou eu.
Quando a carne começou a cheirar, saiu o gigante do alçapão:
- Dá-me carne senão mato-te.
- Sim, mas só se tu a agarrares!
Quando o gigante se aproximava, o afilhado deu-lhe com o traçado e ele só teve tempo de se recolher no alçapão.
Quando os outros chegaram ao palácio, ficaram admirados ao verem a carne e o afilhado disse-lhes:
- Vocês não me contaram … agora vamos comer e depois o alçapão está aberto, arranjamos um cavanejo e vai um de cada vez tentar matar o gigante.
Assim fizeram, o homem que andava com a junta de bois, meteu-se no cavanejo, pegou num chocalho e desceu enquanto os outros seguravam as cordas.
Tinham combinado quando quisessem ser puxados bastava tocar o chocalho.
Não tardou a ouvir-se toque, não conseguiu apanhar o gigante.
Seguiu-se o homem que arrasava serras e cabeços e o que arrancava pinheiros, mas nada conseguiu, resolveu-se que seria a vez do afilhado.
Ao chegar ao fundo, viu três portas, abriu cada uma e desencantou três princesas.
Meteu-se uma de cada vez no cavanejo e as três foram libertadas.
Apareceu o gigante, o afilhado deu-lhe com o traçado e cortou-lhe uma orelha.
Os três homens ao verem-se com as três princesas não quiseram puxar o afilhado de dentro do alçapão.
Ele viu-se sozinho, deu uma dentada não orelha do gigante e pediu o desejo de se transformar numa águia. Assim foi…
Tomou asas e percorreu serras e montes à procura da sua Névoa.
Quando viu as três irmãs no pátio de um palácio desceu e disse a Névoa para perguntar ao seu encanto onde estava a sua morte.
Está no lago onde vive onde vive o porco-espinho. O afilhado voltando a transformar-se em águia, voou até ao lago buscar a morte do encanto da Névoa. Depois de muita luta ele conseguiu soltar a Névoa e as suas irmãs, partiu com a sua princesa e viveu feliz com ela.